Atualmente, é inevitável se preocupar com a relação entre crianças e tecnologia. Vivemos em uma era em que os smartphones e computadores fazem parte do nosso dia a dia. Para as crianças, que já nasceram em um mundo cercado de telas e tecnologias, a conexão com a tecnologia é ainda mais natural.
Apesar das preocupações iniciais, hoje podemos encarar essa vida tecnológica com mais sabedoria e flexibilidade. É possível que, quando utilizada de forma equilibrada e consciente, a tecnologia traga benefícios significativos para o desenvolvimento das crianças.
O excesso de tecnologia na infância na era da cibercultura
A Geração Alpha, nascida em meio à revolução tecnológica, tem um relacionamento íntimo com as telas. Entretanto, como em todo excesso, o uso excessivo de celulares, tablets e TV traz prejuízos para a vida das crianças.
Deixar de lado as interações pessoais, brincadeiras ao ar livre e a exploração do mundo real empobrece o desenvolvimento infantil. Contudo, quando utilizada de forma equilibrada e consciente, a tecnologia e as telinhas podem ser benéficas para as crianças, agregando valor às suas atividades diárias.
Essa recomendação é apoiada pela Associação Americana de Pediatria e pela Sociedade Brasileira de Pediatria, que divulgaram novas cartilhas em 2016. Naquela ocasião, especialistas reconheceram que, mais do que o tempo que as crianças passam diante das telas, é essencial que os pais supervisionem o tipo de conteúdo ao qual as crianças estão expostas. É inegável que a supervisão e o acompanhamento dos pais são fundamentais para o uso saudável e consciente da tecnologia pelas crianças.
A importância da vigilância dos pais na relação entre crianças e tecnologia
A supervisão dos pais é fundamental quando se trata da relação entre crianças e tecnologia. Na era da Geração Alpha, nascida a partir de 2010 e imersa na tecnologia desde o nascimento, é importante que os pais estejam atentos e preparados para agir rapidamente. Pesquisas mostram que essas crianças possuem um grande potencial para resolver problemas e são mais independentes do que seus pais e avós, uma vantagem identificada pelo sociólogo australiano Mark McCrindle.
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No entanto, especialistas recomendam restrições para bebês de até 2 anos, que estão em uma fase crucial para o desenvolvimento de habilidades que requerem a exploração do mundo físico e a interação com outros seres humanos. Enquanto a tecnologia pode ser benéfica como parte de uma vida com atividades variadas, o vasto mundo tridimensional não pode ser substituído pelo mundo em 2 dimensões da tecnologia.
A importância do equilíbrio e sabedoria na relação entre crianças e tecnologia
Equilibrar o uso da tecnologia é essencial quando falamos sobre crianças e tecnologia. As recomendações de equilíbrio e sabedoria são importantes para todas as idades e gerações. Passar todo o tempo em frente ao tablet, celular ou TV pode impedir que crianças e adolescentes tenham outras atividades fundamentais para o seu desenvolvimento físico, mental, emocional e social – como um sono bom e suficiente, movimentos físicos, preferencialmente ao ar livre, e brincadeiras diversas.
Para aumentar a interação em casa e também não prejudicar a saúde, é importante estabelecer algumas restrições, como não convidar os aparelhos eletrônicos para as refeições e desligá-los pelo menos uma hora antes de dormir. Essas medidas são necessárias porque foi comprovado que a luz emitida pelas telas atrapalha o sono. Por isso, é fundamental que os pais monitorem o tempo que seus filhos passam em frente às telas e incentivem a prática de outras atividades.
Guia rápido para boa relação entre crianças e tecnologia
- Para os bebês de até 18 meses – melhor ficar só com os videochats.
2. Entre 18 e 24 meses – Jogos simples de apertar “respostas”, por exemplo, e os videochats são uma boa pedida para estimular e distrair.
3. Dos 2 aos 5 anos – existem muitos jogos divertidos e educativos e os programas de TV e apps para essa faixa etária podem ajudar na alfabetização, no desenvolvimento matemático e de habilidades sociais. É importante não exceder no tempo: até 1 hora.
4. Acima dos 5 anos – para as crianças acima dessa idade, a escola já vai ser um fator importante. Muitos vão querer pesquisar sobre assuntos ou mesmo interagir com os colegas. Existem benefícios no mundo da tecnologia a partir dessa idade, em especial para crianças com problemas de atenção ou memorização. É também a idade em que começam a surgir preferência por jogos ou “youtubers”. É preciso ficar de olho no conteúdo violento. E fique atenta também a apps com vendas porque surpresa na conta pode ser grande.
Rede de segurança
Ao lidar com crianças e tecnologia, é crucial estabelecer uma rede de segurança. A segurança no uso da web, especialmente nas redes sociais e de mensagens, deve ser discutida com nossos filhos desde cedo. Em 2015/2016, o Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (CETIC) realizou uma pesquisa com crianças e adolescentes com idades entre 9 e 17 anos. Quase metade dos perfis era público, o que é um risco pelos especialistas. De fato, profissionais da delegacia de adulterações cibernéticas recomendam enfaticamente que as redes sociais sejam privadas e que seus amigos “digitais” devem ser pessoas que já conhecemos na vida real.
Além disso, a pesquisa também descobriu que em 76% dos perfis, as crianças e adolescentes revelavam o sobrenome, 31% forneciam o número do telefone e entre 20 a 40% informavam onde estudavam, onde moravam e até onde estavam naquele momento. Essa vulnerabilidade é preocupante para qualquer pai ou mãe. Portanto, é importante educar nossos filhos sobre a importância de manter sua privacidade online e de não compartilhar informações pessoais com estranhos na internet.
Precaução nunca é demais
Nunca é demais tomar precauções quando se trata de crianças e tecnologia. É essencial orientá-las a não divulgar informações pessoais, como endereço, telefone, onde estuda ou onde está. Além disso, é importante alertá-las sobre os riscos de marcar encontros com desconhecidos sem a presença de um adulto da família e sobre o uso cuidadoso da webcam. É preciso lembrá-las de que o que é postado na internet pode se tornar público e irreversível. E, em tempos de fake news, é fundamental prepará-las para que não compartilhem informações que não possam confirmar.
Web – dicas úteis:
Algumas dicas úteis para o uso seguro da web incluem instalar antivírus, anti-spam e proteção contra malwares em todos os dispositivos da casa, bem como em tablets e smartphones. Além disso, é importante orientar as crianças a não clicarem em links desconhecidos ou de origem incerta, e a configurar a privacidade de suas contas. Embora seja um assunto polêmico, recomenda-se que os pais tenham a senha de acesso dos filhos para monitorar suas amizades e o que está sendo postado. Por fim, é importante se informar sobre os jogos que as crianças estão jogando ou solicitando, para verificar se são apropriados para a idade e desenvolvimento delas.
Mão na mão e olho no olho
Tanta recomendação parece um exagero. Mas a realidade está aí para mostrar o lado maravilhoso (e imperdível) da tecnologia e também sua face obscura e perigosa. Conteúdos úteis e interessantes estão ao alcance das mãos. Conteúdos impróprios também. E até coisas que nem deveriam existir… Saber usar é o segredo. Ensinar nossos filhos esse bom uso é a chave para uma convivência prazerosa e cheia de benefícios, para eles e para toda a família.
Fonte: Revista Educar