Como trabalhar regras e limites na Primeira Infância? Aprenda a delegar tarefas e responsabilidades na medida certa
Com sabedoria e equilíbrio é possível colocar regras e limites na Primeira Infância. Conforme os pequenos vão ganhando mais conhecimento, mais anseiam por novas descobertas, e cabe a nós, como pais, moldá-los, dando atividades para que aprendam a lidar com as pressões e regras do mundo. Mas tudo com moderação e respeitando a faixa etária de cada um.
O uso da educação autoritária não é mais tão comum como se via há uns anos. Hoje em dia, os pais querem ter com seus filhos uma relação mais aberta, mais sincera, dando mais liberdade de expressão aos pequenos. Ouvir a criança, deixá-la expor o que sente e pensa é muito positivo para a construção de uma educação baseada na confiança e no respeito. No entanto, é possível que, nessa ânsia de dar mais espaço à criança, o adulto acaba por dar aos pequenos uma posição de liderança e responsabilidade que elas não têm capacidade de assumir nessa fase da primeira infância.
Primeira Infância 0 a 3 anos – De olho na faixa etária para não exagerar na imposição de regras e cobranças
A criança pequena, até uns três anos, não tem experiência suficiente. Pois ela até então, está construindo a sua autoconfiança e o seu entendimento da vida, de suas responsabilidades, das pessoas com as quais convive, das relações sociais. Ela ainda não sabe como se comportar, o que precisa fazer, qual atitude tomar.
Essa criança ainda está num estágio de desenvolvimento que precisa de respostas, de orientações, de rumo, e não está preparada para assumir um papel de guia ou de líder. Ela não tem capacidade para tomar decisões importantes em sua vida. Esperar da criança, tamanha responsabilidade e lhes atribuir uma missão tão difícil é fadá-la ao fracasso.

Como ajudar a criança a desenvolver sua capacidade de responsabilidade?
É importante possibilitar que os pequenos exercitem suas habilidades de cuidado pessoal e de decisão, no entanto, usando tarefas possíveis para a sua idade. Assim, à medida que conseguem executar essas tarefas, se sentem capazes e confiantes diante dos pequenos desafios que conseguiram enfrentar.
É muito difícil para uma criança pequena escolher entre duas opções, por isso é importante lhe dar autonomia para decidir pequenas coisas de sua rotina. Por exemplo, possibilitar que escolha entre qual camiseta prefere usar: a vermelha ou a azul. Ou se prefere brincar com a bola ou desenhar . São decisões que não podem fazer bem ou mal ao seu bem estar e segurança independentemente de sua escolha.
No entanto, pedir para ela escolher, de todo o seu guarda roupa, o que quer vestir é uma tarefa muito complexa. Isso porque ela não vai avaliar se está quente ou frio, se é noite ou dia, para onde está indo. E isso sim, pode lhe causar algum malefício. Além do que, vai fazer com que a criança se sinta insegura, já que vai ser difícil conseguir concluir essa tarefa com êxito.
Na Primeira Infância é preciso ter firmeza para se fazer cumprir as regras
Existem também outras decisões que não podem ser delegadas à criança. Por exemplo, perguntar a ela: ”vamos tomar remédio?” Está na hora.” Ou “vamos tomar banho agora?”. Para algumas situações, ela precisa seguir as regras e, para tanto, precisa sentir segurança em quem está cuidando dela. Isso porque ela pode não querer tomar seu remédio, pois tem gosto ruim, mas ela não tem capacidade para entender que pode ficar doente caso não o tome.Ou mesmo na hora de tomar banho. Ela dificilmente vai querer parar de brincar , mas ela não consegue entender por completo a importância da limpeza e da higiene de seu corpo.
Lidar com a responsabilidade de decisão pode ser uma tarefa muito complicada para uma criança pequena . As regras e as rotinas precisam ser definidas pelos adultos que conseguem ponderar e analisar o que é melhor para a criança. Isso não vai mudar em nada o tipo de relação que se quer construir com ela . Os adultos podem e devem continuar a escutar o que os pequenos têm a dizer, mas sempre oferecendo a eles desafios adequados à sua idade e maturidade.

Toda criança precisa de normas e limites
A maioria dos pais sabe que as crianças precisam de regras e limites na primeira infância, seja para preveni-las de alguma situação perigosa, seja para que aprendam o comportamento mais adequado em cada situação que vão conhecendo. E esse ‘não’ é difícil para as crianças e muitos pais também acham complicado encarar essa missão.
Mas é uma missão muito importante. Afinal, crianças que crescem sem a noção de limites podem ter problemas em sua convivência social. A falta de limites pode criar um pequeno “tirano” que não respeita ninguém – e que quase ninguém aguenta ter por perto! Sem limites também é mais difícil aprender a lidar com as frustrações e decepções, o que pode tornar sua criança muito frágil diante da vida. Afinal, a vida é doce, mas não é mole, não!
E como estabelecer os tais limites na Primeira Infância?
Primeiro, descobrindo quais são eles para nós, pais. Saber qual o tipo de comportamento nós queremos evitar na criança e quais atitudes queremos incentivar é o primeiro passo para estabelecer limites. É com base nesses valores – o que papai e mamãe acham certo e o que acham errado, o que é bacana e o que não é legal, o que é seguro e o que é perigoso – é que a criança vai entendendo o que se espera dela e como deve agir. E lembrem-se: o exemplo primeiro vem dos pais, falar e fazer têm de andar de mãos juntas
Em segundo lugar, é preciso muuuuita paciência. Nada do que se ensina às crianças é uma lição de um dia só. Com o estresse das vidas corridas e a falta de tempo generalizada, parece mais fácil deixar a criança à vontade. Mas só parece. Ao serem vencidas pelo cansaço do dia a dia e deixarem de colocar limites na criança, os pais vão ver os seus problemas crescendo, com mais cansaço pela frente…

4 dicas interessantes para ajudar os pais a colocar regas e limites
Então, é preciso pensar nas estratégias para fazer esse tal do “não” funcionar. E aqui vão algumas dicas interessantes para os pais:
Estabelecer rotinas
É uma forma suave de criar regras que se transformam em hábitos. E com o hábito, na maioria das vezes nem é preciso usar o “não” para controlar a situação, porque as crianças já sabem o que se espera delas e se sentem seguras.
Usar chantagem ou ameaça é um erro
Cada uma dessas coisas cria uma chance de controle da situação pela criança, tirando a capacidade dos pais de estabelecerem o que é melhor para os pequenos. E ficar repetindo o que você quer criar um “modo avião”, enquanto seu filho achar que você está nele, não vai fazer o que você está solicitando, avise uma vez só, e se não for atendida, aja.

E como agir?
Um dos modos que melhor funciona é se aproximar da criança e olhar nos olhos, dizendo com firmeza e clareza o que você quer que aconteça. Explique porquê de maneira simples e direta. Não foi atendida? Leve a criança para um espaço designado para isso e informe que ela poderá sair de lá quando decidir fazer o que se pede.
Uma última dica importante
Elogie toda vez que o seu pequeno fizer as coisas como você acha que é bom para ele. Saber que acertamos é tão importante quanto aprender com nossos erros. Aliás, isso vale para os pais também! Lembre-se de que pais e mães também estão tentando acertar, aprendendo com os erros e caprichando na próxima oportunidade. Assim fica mais fácil encarar o peso dos vários “nãos” que vocês ainda vão ter que dizer.
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